Por Nicolau Neto, professor
O debate pool realizado ontem, 24 de setembro, pelo SBT em parceria com CNN Brasil, Terra, O Estadão, Veja e Nova Brasil FM foi o pior das últimas eleições. Vimos uma verdadeira extensão do Bolsonaro (PL) no candidato Padre Kelmon (PTB). Este último que substitui Roberto Jefferson que foi impedido de continuar candidato pela lei da Ficha Limpa, usou o espaço concedido para defender o atual presidente ao invés de justificar sua candidatura. Preferiu usar de falácias como a de que o atual mandatário aumentou o poder de compra do brasileiro. Preferiu usar de subterfúgios ardilosos como a de que basta força de vontade para conseguir emprego e entrar nas universidades quando questionado sobre a lei de cotas. Disse ainda uma das maiores mentiras a de que falar de cotas é propagar ódio e dividir a sociedade. Ora, Kelmon, não se divide o que já é dividido.
Quanto ao atual presidente. Nada a acrescentar além do que todos e todas já sabem. Diz o que não fez. Diz que não há corrupção em seu governo, mas não é bem assim. Dúvidas? Busca no Google sobre os ministérios da educação, da saúde e do meio ambiente, por exemplo, nesse último anos, que logo desaparecerá essa invencionisse do presidente. Além do próprio Orçamento Secreto.
Soraya Thronicke (União), infelizmente não tem muito o que falar. Foi linha auxiliar do Bolsonarismo em 2018. E parece que ela só apareceu no Brasil em 18. Antes disso ela devia está morando em outro país. Só isso para justificar suas falas desconexas da realidade antes desse período.
Simone Tebet (MDB) tem um discurso muito bem elaborado. Mas sua biografia de parlamentar, com exceção da participação na CPI da Covid-19, a denuncia. Votou a favor da grande maioria das pautas conservadoras trazidas por Bolsonaro, além de ter votado pelo impeachment de Dilma Rousseff.
Ciro (PDT) é em todos os debates uma verdadeira enciclopédia. Muito preparado. Conhecedor da realidade brasileira como poucos. Mas, o caminho que escolheu nessa campanha o coloca como linha auxiliar do Bolsonaro. Os discursos do Ciro funcionam mais para agregar voto em Bolsonaro do que para ele próprio. O pdtista está caminhando por um beco diferente do que o Brizola, uma das mais importantes lideranças trabalhistas que o Brasil já teve, caminharia. Ciro usa os mesmo argumentos e as mesmas táticas que Bolsonaro usou em 18. Sairá, insisto, mais pequeno politicamente do que nas últimas edições que participou. Falta grandeza histórica para compreender o momento drástico que o país passa.
Felipe D’Avila (Novo) é uma caricatura piorada do típico representante da elite. Só isso basta para defini-lo.
Lula (PT) esteve ausente. Alegou conflito de agenda. Ele estava em comício em São Paulo ao lado de lideranças importantes do campo democrático, a exemplo de Haddad (PT) e Marina Silva (Rede). Confesso que sendo o Lula eu cancelaria o comício e iria ao debate. Não se pode dar munição a adversários/as políticos. Era mais uma oportunidade de colocar os pingos nos is ao demonstrando as contradições de Tebet e Ciro, além de desmentir publicamente o atual mandatário.
(Publicado originalmente no Blog Negro Nicolau).
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