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Cloroquina: Obscurantismo como método, luta de classes como razão


Sued Carvalho, professora


A Comissão parlamentar de inquérito (CPI) da covid-19 tem revelado, ponto por ponto, algo que já suspeitávamos, o governo encabeçado por Jair Bolsonaro e vários de seus aliados tem uma mentalidade Nazista e anticientífica. Muitos tem apontado que a lógica obscurantista do governo é a culpada e isso não deixa de ser verdade, entretanto é uma verdade rasa. O que está poderia estar por trás do obscurantismo do governo durante a pandemia?


A própria CPI da covid-19 tem apontado, em falas de alguns de seus depoentes, como a advogada Bruna Morato, qual intenção estava por detrás da “estratégia” da cloroquina: A manutenção dos lucros com o sacrifício dos trabalhadores e trabalhadoras. Essa é a razão pela qual muitos dos grandes empresários, como Luciano Hang, aderiram à tese e tornaram-se ativistas dela.


Temendo que o Lockdown pudesse derreter suas fortunas e render um 2020 de prejuízos, os grandes empresários, banqueiros e o próprio governo, temendo perder apoio desta categoria, construíram uma enorme estrutura paralela para administrar a crise de forma obscurantista, dando um placebo aos trabalhadores e enviando-os para a morte, um sacrifício para o deus mercado, venerado fanaticamente por Paulo Guedes e seus asseclas.


O presidente Bolsonaro já havia explicitado sua intenção, afirmando que o Brasil não pode parar e que a cloroquina havia sido uma benção divina para salvar o país, alguns prefeitos, como Sebastião Melo (MDB) de Porto Alegre, afirmou que os trabalhadores devem se sacrificar para salvar a economia.


Portanto, o obscurantismo não foi o motivo da conspiração da cloroquina, mas seu método, o motivo foi o de sempre: Luta de classes. Os trabalhadores, parando de gerar mais-valia para seus patrões, criariam, para eles, uma situação bastante dificultosa e a burguesia, portanto, precisou recorrer ao seu cão de guarda mais agressivo, o fascismo, para defender seus interesses.


Isto é o fascismo: Toda a lógica do liberalismo e do capital desnudam-se, revela-se, explicitamente, que a vida dos trabalhadores nada importa para os capitalistas e para o Estado quando não serve para gerar mais-valia. O fascista atrai os trabalhadores através de moralismos, preconceitos e medo para defender de forma violenta e assassina o interesse da burguesia. E isso o Bolsonaro fez.


Como derrotar tais vampiros nas urnas? Como vencer um monstro tão atroz sem um movimento de massas forte? Há mesmo interesse, por parte de parcelas da esquerda, de derrotar o fascismo? Se há, não agem à altura da intenção.


Para leitura:


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