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Desenvolvimento econômico e análise histórica - Pierre Vilar.

Por Darlan Reis Jr, historiador.



Esse texto é uma sugestão de leitura para os estudantes de História, mas não só para eles. Para qualquer pessoa que goste de desafiar o que está colocado como "tendência".

Nos tempos em que vivemos, de fragmentação do saber, hiperespecialização do conhecimento, que atinge não apenas o mundo universitário mas é inerente ao sistema capitalista, fazer a reflexão a partir da noção de totalidade pode ser uma das alternativas à aparente "unidade" que existe no plano das ideias. Sim, a universidade pública brasileira apesar de ser uma trincheira de resistência ao negacionismo e ao fascismo genocida, ainda é espaço contraditório, espaço do estado capitalista nacional, assediada pelo mundo dos "negócios", pelas exigências do "mercado", e pela burocracia que faz do apego aos trâmites, a finalidade de sua existência acadêmica. Enfim, espaço contraditório e de luta.


O historiador francês Pierre Vilar apresenta em suas obras, a noção de totalidade do processo histórico, e no livro "Desenvolvimento econômico e análise histórica", apresenta sua indignação contra aqueles que negam o caráter científico da História. Sim, amigos, bem antes da atual fase, justa e necessária, em defesa da disciplina História, lá estava Pierre Vilar, a fazer o bom combate.



"Eu sempre me perguntei o que diabo poderiam fazer no seu ofício de historiadores aqueles estudiosos que creem que a história não tem sentido. Consagram sua vida a uma matéria impensável? (1)

Segundo Pierre Vilar, a partir do momento em que existe o esforço de compreender, supõe-se que a história tenha sentido e que tal postulado não é "filosofia da história", mas sim condição da ciência histórica. No momento em que Marx foi mais negligenciado, menos lido, é quando ele foi considerado um "filósofo da história". Para Vilar, não foi dito de forma suficiente o que Marx foi de fato: o primeiro a propor uma teoria geral das sociedades em movimento. Uma "teoria geral" não é uma "filosofia", mas sim um conjunto de hipóteses submetidas à verificação da experiência. O econômico, o político, o social estavam tão etreitamente ligados que o verdadeiro objeto das Ciências Sociais era a "história total".


"História total", eis um termo que causa polêmica, mas que em vários lugares, é colocado como noção a ser evitada. Continuemos com Pierre Vilar: segundo ele, Marx. com base nesta noção, procurou entender as transformações nas estruturas do passado, elaborou previsões e lançou experiências, onde os resultados podiam divergir das hipóteses iniciais. Experiência com base numa teoria, modificação da teoria na medida em que a prática a exige.


Não é um livro conhecido pelo público da História em geral, não é nem fácil de ter acesso a ele. Afinal, não está "na moda" discutir determinados assuntos, nem interessa ao "mercado editorial". Mesmo assim é recomendável: se você quer refletir sobre questões como desenvolvimento histórico, desenvolvimento econômico, progresso social e regressão, História Social, filosofia da História, análise histórica. dentre outros temas, este é um bom livro para ler, pensar e questionar. Tomara que você tenha despertado a curiosidade em ler Pierre Vilar, pois ele é muito necessário aos historiadores e historiadoras.


NOTA:


(1) VILAR, PIERRE. Desenvolvimento económico e análise histórica. Lisboa: Presença. 1982. p. 178.


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