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DESGRAÇA DE MORO, PRISÃO DE DANIEL SILVEIRA E OUTRAS FALSAS VITÓRIAS.


Sued Carvalho, professora.



Na última semana a condenação do fascista Daniel Silveira, Deputado Federal do PSL pelo Rio de Janeiro por seus ataques ao Supremo Tribunal Federal, despertou alegria na esquerda brasileira, inclusive em mim, afinal ver um político de extrema-direita prejudicado é sempre uma cena belíssima, poética, bela e moral. Entretanto, na semana anterior, foi votada e aprovada a autonomia do Banco Central, que coloca a macroeconomia brasileira nas mãos dos banqueiros, desnudando a Ditadura burguesa de uma vez por todas, os Sindicatos assistiram atônitos, assim como a única resistência dos Partidos de Esquerda foi o dedinho no Não.


Daniel Silveira é demagogo fascista, não há dúvida, porém sua prisão está longe de abalar as estruturas do governo Bolsonaro. Ele não era uma peça chave em quaisquer negociatas, sequer seu cargo ficará vacante, será posto em seu lugar um outro suplente do PSL. Isso não foi vitória, foi uma mero prazer mundano, como aliviar-se ao tirar uma calça apertada. O fascismo e o bolsonarismo não estão sendo derrotados, como alguns twitts emocionados apregoaram, apenas um irrelevante peão foi sacrificado, pois seu radicalismo não cabia mais no momento em que Bolsonaro entrega-se ao centrão. O Supremo Tribunal Federal não defendeu a democracia, apenas aparou uma muda.


A esquerda também vem comemorando o fim da Lava Jato e a exposição do Juiz Sérgio Moro e do ex-procurador Deltan Dallagnol como tendo orquestrado um espetáculo midiático e político em vez de um julgamento. Esse mesmo STF que fechou os olhos para o crime de lesa pátria cometido por Sérgio Moro em 2015 ao liberar, sem permissão, escutas no celular da Presidenta da República para a Rede Globo? O mesmo STF que acovardou-se diante de uma clara agressão do Exército a divisão dos poderes em 2018? O mesmo STF que finge, agora, estar surpreso com as já antigas revelações, feitas pelo The Intercept, sobre influências externas na Lava Jato? Moro e Dallagnol já fizeram seu trabalho, a Lava Jato já realizou seu propósito, não existe mais razão de ser para os dois jusristas e para a operação (teatral), por isso estão sendo jogados fora, tal qual Eduardo Cunha após a aprovação do Impeachment em 2016.


Comemorar o que? O fim da Lava Jato irá restaurar a reputação da Petrobrás? Irá reverter as privatizações do Pré-Sal? Irá trazer de volta os milhões de empregos perdidos pela ação irresponsável de punir empresas em vez de diretorias? Irá reverter as reformas feitas por Temer-Bolsonaro, que ganharam legitimidade pela espetacularização da força tarefa de Curitiba? Não. A Lava Jato cumpriu seu papel, a verdade já está revelada há muito tempo, só não era conveniente às elites, que agora controlam o processo de fechamento da operação.


É a este STF que o PSOL, PT, PDT, PCdoB e o restante da esquerda parlamentar recorrem para tentar reverter os retrocessos feitos pelo governo Bolsonaro. Não chamam a população para as ruas, não chamam greves e paralisações, não usam suas tribunas no parlamento para agitação popular, não articiculam com as organizações de base, mas protocolam pedidos ao mesmo STF acovardado que fechou os olhos por anos e que, como parte do Estado Burguês, defende os interesses da burguesia. É uma situação patética.


Nos próximos dias mais ataques se realizarão. A PEC emergencial que procura desvincular gastos mínimos para educação e saúde, assim como a privatização dos Correios, Banco do Brasil, Eletrobrás e Reforma Administrativa, contra as quais movimentações não serão chamadas e greves combativas não serão incentivadas pelos grandes Partidos no Congresso. Fala-se em 2022, fala-se em Lula , Ciro ou Boulos presidente, mas esquecem que o poder é sempre de quem possui as armas e as Forças Armadas Brasileiras já demonstraram que não irão aceitar um retorno da esquerda à administração do velho Estado, porém esquecem, principalmente, que essas medidas afetam vidas hoje, que pessoas morrerão de fome amanhã e depois, que não estarão vivas em 2022. Tais Partidos perderam a urgência e, iludidos pelas eleições, comemoram vitórias meramente performáticas.


Partidos de esquerda que não travam lutas reais, estão fadados a comemorar vitórias inexistentes. Que se dane 2022, as pessoas precisam de emprego e renda hoje! Enquanto a esquerda não travar lutas concretas, através de greves de longa duração, boicotes, protestos e bloqueios constantes, a classe trabalhadora não se sentirá representada por ela. Nós não tivemos nenhuma vitória importante contra o bolsonarismo e a luta está longe de acabar.


Tirem a poeira do Manifesto Comunista!




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