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O Brasil está de cabeça para baixo


Senador José Serra (PSDB/SP). FOTO/ Antonio Brasiliano/VEJA

Por Nicolau Neto


Recentemente fui provocado a fazer uma análise de conjuntura em face das proximidades das campanhas eleitorais 2022. Fiquei a pensar com meus botões o que poderia me instigar a escrever para além dos principais problemas já tão em evidência.


Ocorre que estes dias um fato novo surge, corroborando, pois, para que a expressão de “ponta-cabeçatão usual no cotidiano ganhasse um sentido mais forte no meio do congresso nacional. Sem grande novidades, o senado votou no último dia de junho, quinta-feira, 30, e em tempo recorde (quando é de interesse do governo federal ou deles próprio) a Proposta de Emenda à Constituição instituindo estado de emergência, o que permite a liberação de recursos públicos com finalidades de custear benefícios sociais.


Com a medida, cerca de R$ 41,25 bilhões serão destinado a aumentar o valor do Auxílio Brasil para R$ 600,00 e eliminar a fila de espera do mesmo, além de contribuir para pagar um auxílio para taxistas e caminhoneiros. Tudo isso em apenas dois dias. Tudo isso em um Brasil de uma classe política em que o “pai nosso” é “corte de recurso”, “teto de gastos”, etc. Um país quebrado financeiramente, mas que acha dinheiro quando quer. Para não dizer o que isso realmente significa.


Nos bastidores, a PEC foi denominada de “PEC das bondades em ano eleitoral”. Mas o mais incrível não foi nem a aprovação da proposta, pois como destaquei casos assim é costumeiro. Basta se sentirem ameaçados para que os recursos apareçam. Não à toa, a CPI do MEC causou um alvoroço e as portas e janelas para a liberação de emendas foram abertas.


Mas me permita voltar ao que foi realmente incrível. Dos senadores, o único que votou contra foi o José Serra (PSDB). Calma, você não leu errado. É exatamente isso. Aquele Serra que todos conhecem e que já postulou o cargo de presidente foi o único a votar contra e com argumentos convincentes. Diria com uma postura que era para ser todos e todas que, de fato, fazem oposição ao governo federal.


Quem rasga a Constituição em um dia no outro rasgará direitos”, disse o senador tucano. A frase estampou a Folha de S. Paulo nesta sexta-feira, 1º de julho. Ele foi além. “Só agora o Senado descobriu que as famílias passam fome no Brasil?”, perguntou Serra.


Evidentemente que tenho infinitas críticas ao Serra. A começar perguntando quais projetos e ações ele tem feito nesses anos em que está senador em prol da população mais carente do Brasil e do Estado pelo qual foi eleito, especificamente. Mas me direciono a quem faz oposição ao governo federal que se curvou diante de uma PEC eleitoral como essa. Será se não perceberam que a população foi usada como massa de manobra nessa proposta?


O Brasil está de fato de cabeça para baixo. Eu tendo que concordar com o Serra.

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