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Viver se torna caro enquanto PCdoB defende pastores bilionários





Sued Carvalho, professora


O rebaixamento do programa comunista e a rejeição do materialismo histórico como teoria na luta política leva a absurdos caricatos e gera Partidos, ditos de esquerda, que não estão apenas deslocados do marxismo, mas também da própria realidade prática da classe trabalhadora brasileira. Iludidos e ludibriados pela fisiocracia, tornaram-se defensores ferrenhos de uma ordem institucional que legaliza a desigualdade organicamente, permitindo que o radicalismo e a crítica das instituições se tornassem monopólios da direita e da extrema-direita. Tal qual a social-democracia alemã, aquela mesma que assassinou Rosa Luxemburgo, o PCdoB tornou-se um Partido de Estado, fisiocrata, disposto a tudo para ter parcela do poder.


Nessa fatídica semana, os itens mais básicos da mesa dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiras tiveram aumentos absurdos e chocantes: Arroz, feijão, leite e carne tiveram mais de 20% de aumento no preço. As vítimas desse jogo de tabuleiro insano são as de sempre, as trabalhadoras e trabalhadores mais pobres e os culpados? Os mesmos. Sequer a inflação é culpada, a culpa é direta da classe burguesa e do latifúndio, cujo objetivo não é alimentar a população, mas sim lucrar. Os liberais acreditam, religiosamente, que o mercado, se bem cuidado, fornecerá o bem estar a todos e que a competição fará baixar os preços, a realidade, entretanto, é bem diferente: A gigantesca China, procurando estocar carne e outros bens de consumo nesse período de queda da economia mundial, importa massivamente, diminuindo os estoques voltados para o mercado interno e aumentando os preços, juntando a isso a alta do dólar em relação ao real, que encarece produtos e aumenta seus valores de exportação.


A alta do dólar leva a uma balança comercial negativa, algo muito ruim para uma economia dependente, baseada em exportação de commodities como o Brasil. A dependência da moeda estadunidense, faz com que a desvalorização do real leve a uma maior importação do que exportação (Mais dólares saem do que entram, esvaziando reservas de dólar e enfraquecendo o lastro do real), levando grandes latifundiários, que exercem grande influência no PIB, a aumentarem preços para compensar percas no mercado externo, por exemplo, assim como o encarecimento da produção/distribuição, diretamente ligadas ao dólar em um mercado globalizado são descontadas no consumidor final: VOCÊ E EU. Ou seja: O Imperialismo e a lógica do lucro do capitalismo dependente brasileiro estão matando a quem tem que matar e favorecendo a quem tem de favorecer, tudo está funcionando como foi planejado para funcionar, com defesa do PCdoB e de seus aliados em diversos municípios, o PSL, o PSC e dentre outros da extrema-direita.


Enquanto os preços dos bens alimentícios mais básicos do prato das brasileiras e brasileiros chega no teto, o auxílio emergencial cai de 600 reais para 300, diminuindo enormemente o poder de compra de desempregados e autônomos, que já haviam sido e continuam sendo jogados para a morte pelo presidente fascista Jair Bolsonaro, que sabotou todas as medidas de contenção que poderiam ter diminuído o número de mortes, baixado a probabilidade de contágio e reaberto a economia mais cedo, diminuindo a queda do PIB (Assustadores 9,7% até agora, que eu e você pagaremos). O governo afirma que não tem de onde tirar esse dinheiro ao mesmo tempo que perdoa dívidas bilionários por crimes ambientais e dívidas dos grandes empresários da fé: Os pastores neopentecostais.


ISSO MESMO! Na mesma semana em que os preços aumentam e o auxílio emergencial cai de 600 para 300 é perdoado UM BILHÃO em dívidas das igrejas, com voto majoritário do PCdoB (Partido Catequista do Brasil?). A pior parte é que Jandira Feghali afirmou, ao justificar esse voto nonsense, que tais deputados estavam apenas seguindo orientação partidária. Sim, consegue ficar pior: O PCdoB orientou seus deputados a entregarem um bilhão de reais aos pastores neopentecostais, enquanto ficar vivo torna-se caro para as trabalhadoras e trabalhadores.


Ora, mas por que o Partido Comunista do Brasil apoiaria um empresário da fé? Mas é óbvio: Para disputar o voto evangélico e defender a liberdade religiosa. Não é possível ser mais cínico, para o PCdoB disputar o voto evangélico é favorecer pastores milionários e não seus fiéis empobrecidos e enganados, afinal este dinheiro poderia servir para expandir o auxílio por mais alguns meses, assim como defender a liberdade religiosa é defender a impunidade de charlatões inescrupulosos. Em suma, o PCdoB entregou milhares ao neofascismo, pois o fortalecimento dos grandes empresários da fé – base do bolsonarismo – ao mesmo tempo que se enfraquecem os auxílios aos trabalhadores e aumenta o desemprego levará a uma dependência cada mais maior destes últimos às igrejas.


Porém não podemos esquecer que o PCdoB é um partido fisiocrata, do Estado, defensor da ordem burguesa tal qual está estabelecida, logo temos que ter em mente que “disputar o voto evangélico” para eles não é elevar ou disputar sua (dos evangélicos) consciência para que se reconheçam enquanto trabalhadores, mas é, literalmente, disputar o voto, conseguir que pastores neopentecostais, players cada vez mais poderosos nos palácios de Brasília, permitam que o Partido entre na boquinha e possa manter-se no aparelho estatal como força nos mecanismos de oposição consentida (A UNE, por exemplo). Lembram de quando o PCdoB apoiou o Rodrigo Maia para garantir comissões e enterrar a CPI da UNE em uma estratégia que não faz inveja ao MDB de Michel Temer? Pois é.


O Partido Comunista do Brasil é aliado de tudo aquilo que o ajudar a permanecer no Estado, o fim do capitalismo e da ordem burguesa seria uma derrota para ele. Para o Brasil, não há caminho institucional. Quem são os amigos do povo? Bem, esses ai é que não são. Não importa o quanto defendam pautas identitárias para performar esquerda.

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