Por Vladimir Magalhães, professor.
O capitalismo, em especial o sistema financeiro (Bancos) possuem algumas armadilhas para que os trabalhadores sejam mantidos numa espécie de círculo vicioso de endividamento. Quando comecei a trabalhar numa fábrica, ainda jovem e sem nenhuma experiência para lidar com dinheiro e fui obrigado a abrir uma conta bancária para receber meu salário, pude constatar e sentir na pele como funciona esse processo.
O capitalismo é um sistema contraditório e possui uma lógica perversa em que a busca pelo lucro deve ser incessante, ou seja, não tem fim. O cartão de crédito, por exemplo, te cobram uma anuidade, ou seja, você paga para gastar o seu próprio dinheiro! Com certeza você nunca viu algum empresário afirmar que está satisfeito com o lucro obtido e aquilo “ lhe basta”, ou que a rede de franquias Mac Donald’s já abriu lojas suficientes p satisfazer suas necessidades de lucros. Eles querem sempre mais e mais...
Ao abrir uma conta num Banco, essa instituição lhe oferece cartão de crédito com limite duas vezes o valor de seu salário e cheque especial com limite também acima de seus proventos. Isso ocorre por generosidade do Banco? Óbvio que não, eles querem te endividar com a cobrança de juros exorbitantes e depois te oferecem um “empréstimo” para pagar a “dívida” que estes mesmos ajudaram a inflar, com taxas e juros abusivos estabelecendo um círculo vicioso.
É uma armadilha preparada pelos Bancos, afinal de contas eles precisam vender seu produto, ou seja, dinheiro. Mas se você não pagar, o que acontece? A princípio eles enviam o seu nome para as instituições de proteção ao crédito, SPC e SERASA e você não poderá comprar mais nada a prazo, com exceção do boteco e o açougue do seu bairro onde já compra há tempos com aquela caderneta encardida e herdada de seu pai.
Quer dizer que estou excluído dessa “maravilhosa” sociedade de consumo? Nada disso camarada, esse “castigo” tem um prazo de validade de cinco anos. Segundo dados da Confederação Nacional de Dirigentes Logistas (CNDL) mais de 62 milhôes de pessoas estão com seu nome sujo na praça, imagine se essas pessoas nunca mais pudessem comprar a prazo? Seria desastroso para o capitalismo, afinal de contas, o consumo e o lucro não podem parar. Enquanto isso o Banco vai tentar “negociar” mantendo os juros abusivos, e minha dica é: NÃO PAGUE! Pois essa “dívida”, meu amigo, vai baixar bastante, pode ter certeza.
Ao fim do ano os acionistas fazem a divisão dos lucros e repassam a sua “dívida” para escritórios de advocacia que passarão a te perturbar com telefonemas e mensagens, principalmente aos sábados pela manhã, mas isso é facilmente contornável com a opção de “spam” que os celulares atuais possuem. E tem mais, Bancos NUNCA têm prejuízos, pois o cliente ao contrair um empréstimo existe uma “taxa de risco” embutida, ou seja, os adimplentes pagam pelos inadimplentes.
Minha intenção ao escrever esse texto não é incentivar o calote, mas demonstrar as armadilhas que as instituições financeiras estabelecem para aumentar a exploração. A constituição federal de 1988 estabeleceu que os juros não devem ultrapassar 12% ao ano, então minha dica é: exija que o banco respeite a constituição.
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