Por Darlan Reis Jr, historiador.
Na última sessão de estudos debatemos o capítulo 4 - A transformação do dinheiro em capital, da obra de Karl Marx, "O Capital". Esclarecemos que este é um sumário da discussão feita, indicamos a leitura da obra. Essa postagem não é um resumo do capítulo.
Nem todo dinheiro é capital. E o capital pode ser dinheiro, quando usado de certa maneira. No livro 1, Marx trabalha com a esfera da produção capitalista, e neste capítulo em especial, não analisa a expansão do capitalismo, nem a "assim denominada acumulação primitiva do capital", ocorrida durante a Idade Moderna, com o colonialismo, os saques, a expropriação dos camponeses na Inglaterra e demais questões, que são tratadas no decorrer de sua obra.
O capítulo 4 está dividido em três partes: 1) A fórmula geral do Capital; 2) As contradições da fórmula geral; 3) A compra e a venda da força de trabalho. Marx começa explicando como o capital comercial e o capital usurário contribuíram para confrontar e destruir a propriedade feudal na Europa, além de esclarecer as diferenças para o capital industrial e seu papel no século XIX. Em seguida são apresentadas as famosas "fórmulas" do capital em seu processo de circulação na esfera produtiva.
M = Mercadoria
D = Dinheiro
M - D - M (Mercadoria - Dinheiro - Mercadoria)
D - M - D' (Dinheiro - Mercadoria - Dinheiro e mais-valor)
O capital é apresentando enquanto processo, e no exemplo apresentado por Marx, os valores se incorporam nas diferentes fases. "O incessante movimento do lucro".
Neste capítulo, o leitor entenderá o processo de circulação do dinheiro como capital, o "dinheiro que cria dinheiro". Os exemplos apresentados por Karl Marx são de fácil entendimento. Começa a ser apresentado o conceito de "mais valor". É discutido o quanto de incremento o capital pode render e o objetivo central do capitalista que é obter mais valor constantemente.
Se para Marx o capital é valor em movimento, que se manifesta em diferentes formas, questionar a Economia Clássica - que via a criação do valor na própria "natureza" do dinheiro, se torna o próximo passo da argumentação do capítulo 4: a desmistificação do fetichismo do capital. São apresentadas as contradições da fórmula geral do capital. Marx passa a explicar a questão de como surge o mais-valor, demonstra que a comercialização de mercadorias por si só não produz mais valor, pois o mesmo tem que ser produzido. (A questão do capital comercial e usurário é discutida em outro volume de sua obra). A contradição apontada por Marx aparece então na pergunta: como os capitalistas extraem o mais valor?
Assim, passamos para a terceira parte do capítulo, onde é explicado como os capitalistas precisam encontrar a mercadoria que é fonte de valor, que ao ser consumida, pode criar valor a mais do que antes de ser utilizada. O capitalista precisa das condições ideais para ele, de comprar a capacidade de trabalho dos proletários. Para isso acontecer é preciso que existam pessoas na condição de proletários, ou seja, livres do ponto de vista jurídico, e "livres" no sentido de não terem as condições de sobrevivência garantidas, sendo desprovidos dos meios de produção e necessitarem ter que vender sua força no "mercado de trabalho". As condições históricas deste processo são relevantes, entender como surge o proletariado da era moderna, o que é apresentado posteriormente na obra.
No dia 29 de janeiro de 2021 continuaremos a sessão de estudos de "O Capital", tendo como pauta os capítulos "5 - O processo de trabalho e de valorização", e "6 - Capital Constante e capital variável", do livro 1.
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