Por Darlan Reis Jr., historiador.
Continuamos a reflexão sobre as sessões de estudo da obra "O Capital", de Karl Marx, no livro 1. Hoje trataremos da discussão presente no capítulo 4, "A transformação do dinheiro em capital". Apresentamos aqui o sumário e mais uma vez esclarecemos: é necessário ler a obra, este texto não é um resumo, mas sim observações da leitura realizada.
É uma iniciativa para incentivar a leitura da obra, introduzindo alguns conceitos presentes.
"A circulação de mercadorias é o ponto de partida do capital. Produção de mercadorias e circulação desenvolvida de mercadorias - o comércio - formam os pressupostos históricos dos quais o capital emerge. O comércio e o mercado mundiais inauguram, no século XVI, a história moderna do capital". (1)
O capítulo está dividido em três partes: - A fórmula geral do capital; - Contradições da fórmula geral; - Compra e venda da força de trabalho.
A fórmula geral do capital
Marx apresenta as famosas fórmulas sobre o capital: (D simboliza o dinheiro e M simboliza a mercadoria)
D - M- D
e
M - D - M
E explica como se dá a circulação do dinheiro para se transformar em capital. Lembrando que na teoria de Marx, capital é uma relação social, um processo, que também envolve a circulação dos valores. Os valores se incorporam em diferentes fases. Nesta explicação, o dinheiro é posto em movimento para se obter mais dinheiro. Tal circulação está expressa na fórmula:
D - M - D' (onde D' representa o mais-valor, o dinheiro que cria dinheiro).
Marx analisa essa formulação e começa a crítica a tal proposição, que na verdade é da Economia Política Clássica, que afirma ser da "natureza do dinheiro" se tornar capital. "O incessante movimento do lucro". Para Marx não é assim que o capital se valoriza, e passa a discutir sobre como o dinheiro é a representação do valor, as diferentes formas do capital (industrial, comercial, usurário) e como as formas comercial e usurária destruíram a propriedade feudal na Europa ocidental.
Contradições da fórmula geral
É neste item do capítulo que Marx apresenta como surge o mais-valor, também denominado "mais-valia". É explicado como a troca de mercadorias por dinheiro são equivalentes, não geram mais-valor, pois este tem que ser produzido. A questão chave desse item é: como os capitalistas obtém o mais-valor? É o que se discute no próximo item.
A compra e a venda da força de trabalho
Nesse item é feita a apresentação de como os capitalistas fazem para encontrar a mercadoria que lhes permite obter mais-valor, ou seja, cujo consumo criasse novos valores. Segundo Marx, a mercadoria que tem essa característica é a capacidade de trabalho dos seres humanos, a força de trabalho, que nas condições capitalistas de produção, é vendida pelo proletariado em troca de salário. São apresentadas as condições históricas para que isso ocorra: o trabalhador ser livre juridicamente e "livre" da propriedade privada dos "meios de produção", assim como a existência do "mercado de trabalho". Finalizamos este sumário com Marx:
Ao abandonarmos essa esfera da circulação simples ou da troca de mercadorias, de onde o livre-cambista vulgaris [vulgar] extrai noções, conceitos e parâmetros para julgar a sociedade do capital e do trabalho assalariado, já podemos perceber uma certa transformação, ao que parece, na fisionomia de nossas dramatis personae [personagens teatrais]. O antigo possuidor de dinheiro se apresenta agora como capitalista, e o possuidor de força de trabalho, como seu trabalhador. O primeiro, com um ar de importância, confiante e ávido por negócios; o segundo, tímido e hesitante, como alguém que trouxe sua própria pele ao mercado e, agora, não tem mais nada a esperar além da... esfola. (2)
Espero que você, caro leitor, faça o estudo de O Capital. Boa leitura!
NOTAS:
(1) MARX, Karl. O capital: crítica da economia política: livro 1: o processo de produção do capital. tradução: Rubens Enderle. - 2.ed. - São Paulo: Boitempo, 2017, p. 223.
(2) MARX, op. cit., pág. 251.
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